quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Eu não temo a morte

Quando olho para dentro de mim
não consigo mais enxergar 
a garota sonhadora e 
cheia de expectativas, 
me pergunto em que parte do 
percurso ela foi 
esquecida, 
abandonada,
deixada 
para trás. 

Sinto que estou agonizando,
que a qualquer momento 
eu não vou mais 
conseguir 
chegar ao final 
do dia.

Achei que eu fosse mais forte,
achei que eu conseguiria 
ser melhor que isso,
mas quem eu 
estou enganando?
eu sou péssima
em tudo.

Não me reconheço mais,
sinto que já vivi tudo de 
bom que eu poderia
viver, não há mais 
nada além 
dessa 
agonia 
devastadora.

Tentando ajudar o mundo 
enquanto eu preciso 
de conserto,
dizendo para as pessoas 
que vai ficar tudo bem, 
quando nem eu 
mesma consigo 
acreditar 
nisso.

Sinto-me tão cansada de lutar,
eu não quero mais lutar,
não quero mais acordar 
pela manhã 
fingir que está 
tudo bem, 
eu não quero, 
não consigo.

Eu só quero partir sem 
estardalhaço, 
sem ter que me 
despedir,
sem ter que explicar o 
inexplicável, 
eu quero partir,
ir embora como quem 
nunca tivesse chegado.

Cada parte do meu corpo dói,
minha alma já não habita 
mais em mim,
tudo que você vê é
uma carcaça podre 
e sem vida.

Eu não temo a morte,
eu temo que essa dor seja 
tudo que eu consiga sentir.
Não quero uma 
vida assim,
não quero ser uma 
mentira.

Pensando bem, 
eu já fui embora 
desse lugar faz tempo.
O que restou foi 
esse corpo que 
vaga por aí como 
se tivesse vida, 
mas não há,
não mais.





quarta-feira, 17 de julho de 2019

Pensamentos soltos

hoje lembrei de você,
lembrei do teu sorriso bonito,
dos teus olhos cor de mel,
das tuas mãos macias e
do teu riso solto.

hoje lembrei das conversas,
das madrugadas ao telefone,
das músicas compartilhadas,
dos medos bobos e
das nossas teorias
sobre os sonhos.

hoje lembrei do 
sentimento bom,
dos momentos de paz,
da intensidade,
do nosso quase infinito.

hoje lembrei das tentativas,
do choro,
do 'oi' e 
do adeus.

hoje lembrei das mãos 
entrelaçadas,
dos olhos fixos e
do som da tua voz.

hoje lembrei do cheiro
do teu travesseiro,
da cadeira de rodinhas,
do teu quarto bagunçado
e do perfume azul 
sobre a pia.

hoje lembrei de coisas que 
outrora desejei esquecer,
hoje, trazendo à
tona tudo isso,
desejo apenas que 
não doa mais.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Meus fracassos

tenho pensado bastante 
nas coisas que fiz e que 
ainda preciso fazer na vida,
e deduzi uma coisa: 
sou um ser patético.

tudo que tentei fazer deu errado
antes mesmo de acontecer,
isso não é ridículo?
qual é, vamos lá, 
eu sei que é.

eu olho para a minha vida 
e não consigo lembrar de nada 
que eu possa me orgulhar,
isso seria cômico se não 
fosse extremamente 
trágico.

me sinto uma velha, 
só tenho 21 e parece que já 
vivi uma eternidade,
as dores nas costas também 
não ajudam muito, 
meu vício em café 
só aumentou nas 
últimas semanas.

eu preciso de um emprego,
de amigos novos,
de um apartamento,
de um gato,
de um teclado,
mas principalmente 
de um emprego,
se é que isso resolve as coisas.

quero ganhar o mundo,
compor canções relevantes,
escrever um livro
e conhecer o museu de Van Gogh,
mas só de pensar 
em fracassar de novo, 
eu levanto, 
vou na cozinha,
encho minha xícara de café 
e volto pro quarto para escrever 
mais um dos meus 
textos ruins.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

O grande inferno

hoje está sendo difícil escrever, 
há tanta coisa acontecendo
dentro mim 
nesse exato momento, 
não sei ao certo 
o que pôr para fora.

passei o dia encarando 
a tela branca 
de um computador,
tentando escrever alguma 
coisa relevante, 
mas falhei 
miseravelmente.

tem dias em que as palavras
não encaixam, 
perco-me no amontoado
de pensamentos confusos,
é enfadonho existir.

as palavras não conseguem 
expressar
a agonia que sinto 
aqui dentro do peito.

tentei me desligar por 
alguns segundos,
focar em outras coisas,
sair de casa,
conversar com as pessoas,
mas não tenho mais 
paciência para isso.

escrever é a única 
forma que 
tenho para não 
enlouquecer,
mas a ansiedade torna
tudo um grande inferno.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

As vozes

triste demais
para falar sobre a tristeza,
cansada demais para
falar sobre o cansaço,
entediada demais para falar
sobre qualquer outra coisa.

o escuro do meu quarto
tem sido meu refúgio
nas últimas semanas.
não há mais o que
eu possa fazer ou dizer.

sinto que a escuridão voltou,
ela está aqui,
eu a sinto corroer
meus ossos
como uma praga que se
alastra e toma
todo o lugar.

deitada em minha cama
luto contra o
meu próprio caos.
as vozes em minha cabeça
me dizem para apertar
o botão do fim,
mas ainda não é
o momento.